quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Escrevi-te do lado errado da saudade.

Escrevi-te do lado errado da saudade.
Mas acho que me esqueci do lado certo da saudade.
Acho que me esqueci de mim enquanto te escrevia.
Mas lembrei-me de nós.
E voltámos a viver os dois em linhas e frases, em letras e palavras.
Em parágrafos desenhados por mim.
Em folhas preenchidas por nós.
Escrevi-te em mim e perdi-me em ti.
Voltámos a viver em campos, voltámos a sorrir, voltámos a ser um só.
Os nossos corações voltaram a bater como um só, a nossa voz voltou a ser uma só, os nossos dedos voltaram a unir-se.
Desde o dia em que partiste que vivo junto da saudade.
Devia viver contigo, junto a ti, a ti.
Mas é com a saudade que vivo.
Não há sonho, não há palavra, nem sopro, nem brisa que te traga de volta.
Gosto de pensar que és o vento que me envolve os ombros em noites de estrelas, vento que me envolve, é o que penso.
Mas o vento não me fala nem me diz coisas bonitas.
Tu dizias coisas bonitas.
Lembro-me do dia em que partiste.
Escolhi apagar o dia 7 daquele mês que agora só tem 30 dias e que do dia 6 passa para o dia 8. Escolhi retirar esse dia para te escrever, para te ver no meu sonho, para te ver.
Mas tu já não és.
Lembro-me que olhavas para o relógio parado, cujas badaladas o pêndulo desistiu de fazer soar. Aquele balouçar que te fazia adormecer, um movimento hipnótico que te levava para longe. Longe de ti, dos teus sonhos, longe, num horizonte distante que nem tu sabes onde fica.
Esse pêndulo que parou no tempo, que parou o tempo, que parou para nunca mais bater.
E o tempo parou com o pêndulo, mas tu não paraste, foi o tempo que parou.
Não mais respirar, não mais ver, não mais.
Olhaste para mim e disseste "vou partir".
Eu não percebi porquê, dizias que me amavas e eu amava-te também.
"vou partir".
Não percebi o porquê.
"vou partir".
Os meus lábios se soltaram um do outro para sussurrar uma palavra que nem eu sei se tu percebeste de tão baixo que sussurrei..
"porquê?".
Tu não respondeste, não respondeste e eu não percebi.
Apenas disseste que era melhor assim...
Apartir desse dia, escrevi-te em palavras e viveste em palavras.
Escrevi-te do lado errado da saudade. Da saudade que tenho de ti.



(Texto adaptado à minha história, à minha realidade... O texto original é de autoria da minha linda Tita, a minha prima que adoro com todo o meu coração e que tem o dom da palavra... Adoro-te minha linda!)

3 comentários:

João Morgado disse...

"O tempo pára no momento exacto em que o coração deixa de ser uno..."

Beijoca,
João

Anônimo disse...

ja o tinha lido.é simplsmente fantabulastico,posso "usa-lo" tb? a saudade é apenas uma prova de k o passado valeu a pena... mas é isso mesmmo :passado! um bj e força xinxinha

patricia disse...

:'(

Beijo
*
Quanto mais leio mais gosto.